Ainda: a palavra mágica

Sempre gostei de palavras; sempre. Mas, em 2007 comecei a colecioná-las. Sim, colecioná-las como se coleciona selos, pedras ou latas. Quando encontro uma palavra linda, anoto-a num papelzinho e guardo-a numa caixinha.

Lembro perfeitamente do momento que a coleção passou a existir, com sua primeira palavra: foi num banquinho alto, no lounge de um hostel no Canadá – minha primeira viagem para fora do Brasil. Um canadense estava me ensinando algumas palavras em francês e, eu simplesmente me apaixonei por “parapluie” (guarda-chuva). A sonoridade dela me parece gotas caindo e me faz sorrir.

Mas, este texto não é sobre a história da coleção nem sobre parapluie. É sobre ainda, uma das minhas palavras favoritas e que, logicamente, faz parte da coleção. Ainda é uma palavra incrível! E, garanto, ela melhora grande parte das frases. Pode ser uma teoria furada mas, acredito que ainda carrega em si um positivismo absurdo. Explico:  

– se você usa ela numa frase “positiva”, ela dá continuidade para o que quer que seja que já está acontecendo. Por exemplo: – “sim, eu ainda amo você” (awn :}).

– se você usa ela numa frase “negativa”, ela dá esperança de que, o que quer que seja que não aconteceu, pode acontecer no futuro. Por exemplo: “eu não conheço a Grécia. Ainda”.

Inclusive, quem me ensinou isso foi um amigo que adora viajar. Conheci-o nessa mesma viagem do Canadá de 2007 e, naquela época ele já tinha desbravado mais de 15 países. Acredito que hoje ele já conheça todos os continentes. Eu estava fascinada pelo seu repertório de viajante e, a cada história que ele contava de um lugar diferente, eu dizia com tristeza que não conhecia o tal e tal lugar. Mas, depois que ele me ensinou sobre o poder da palavra ainda… ah! Que diferença! Eu sentia como se, cada vez que eu dizia não conhecer um lugar – ainda -, eu estivesse já traçando um destino para o futuro.

Eu não conheço New York, nem San Francisco. Não conheço a Amazônia nem Recife. Não conheço Amsterdam ou Bruges. Não conheço as praias lindas da Austrália nem as cores da Índia. Não conheço a Muralha da China ou a Tókio esquizofrênica das minhas memórias imaginárias. Não conheço o Líbano com seus pinheiros verdíssimos nem o deserto do Saara.  Ainda. Ainda… 

ainda

O lettering é do Marcelo Pelica (: Mais do trabalho dele você vê aqui.


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