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Não sou poeta
Não sou poeta
Victor Heringer
Agora que os estalos da adolescência passaram
e a vida assenta como uma cômoda de mognoagora que os joelhos estalam quando me levanto
sem mulher, sem filhos, mas com emprego estável
é preciso admitir que não sou poeta.Embora o meu amor esteja solto no mundo
violento, semicego e ferido no ombro
não sou poeta.▲
Todos me felicitam. Que bom, dizem
vida de poeta é muito difícil.Logo a gente chega a ser homem
e acaba com as coisas de menino.A vida afunila.
▲
Eu tinha dois, três truques nos bolsos
de calças compradas em shoppings.Não soube nunca comprar como poeta
a longa espera por um par de sapatos
sentinela no deserto.Os sapatos são fabricados e os pés dos poetas passam anos se
deformando. Até que um dia cabem.
Por isso qualquer roupa parece velha
no corpo de um poeta.
Por isso estão sempre se desculpando
pelas roupas velhas.
Mas em segredo se orgulham.Embora eu tenha um corpo
que pode ser confundido com o corpo de um poeta
não sou poeta.Tenho as pernas fortes e os braços magros.
O torso amolecido dos boxeadores
os órgãos de dentro estropiados.Mas quem me vê nu instintivamente sabe que não sou poeta.
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Não levantei a mão esquerda em golpe de dançarina de flamenco ao
ler Jaime Gil de Biedma para os meus amigos,
embora tudo tenha conspirado para isso.
Para que se me entranhassem as coisas.Concluo que não sou poeta.
Tenho os dedos frios de um técnico em informática
e sou triste como um técnico em informática
mas não sou tão triste quanto um barbeiro.Eu li todos os tratados da métrica portuguesa.
▲
Assinei dois contratos como poeta
que doravante já não têm validade.
Assinarei um terceiro, como última traição.Serei perdoado por todos.
▲
Doravante vão reinar o olho e a raiva.
As melhores botas para caminhar na areia
os cálculos de longas distâncias
os treinamentos de apneia.O amor virá até mim como vai aos jornalistas e CEOs, aos sushimen
de São Paulo (SP) que vieram do Ceará – ideais porque têm mãos quentes.▲
As partes elegem o Foro da comarca de São Paulo (SP), renunciando a qualquer outro, por mais privilegiado que possa ser, para dirimir todas as questões surgidas quanto à interpretação ou execução deste contrato que não puderem ser resolvidas amistosamente.
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Esse poema não é meu, é de Victor Heringer.
Amei atrasado, tristeza. Que triste. -
In Memory Of My Feelings
My quietness has a man in it, he is transparent
and he carries me quietly, like a gondola, through the streets.
He has several likenesses, like stars and years, like numerals.My quietness has a number of naked selves,
so many pistols I have borrowed to protect myselves
from creatures who too readily recognize my weapons
and have murder in their heart!
though in winter
they are warm as roses, in the desert
taste of chilled anisette.
At times, withdrawn,
I rise into the cool skies
and gaze on at the imponderable world with the simple identification
of my colleagues, the mountains. Manfred climbs to my nape,
speaks, but I do not hear him,
I’m too blue.
An elephant takes up his trumpet,
money flutters from the windows of cries, silk stretching its mirror
across shoulder blades. A gun is “fired.”
One of me rushes
to window #13 and one of me raises his whip and one of me
flutters up from the center of the track amidst the pink flamingoes,
and underneath their hooves as they round the last turn my lips
are scarred and brown, brushed by tails, masked in dirt’s lust,
definition, open mouths gasping for the cries of the bettors for the lungs
of earth.
So many of my transparencies could not resist the race!
Terror in earth, dried mushrooms, pink feathers, tickets,
a flaking moon drifting across the muddied teeth,
the imperceptible moan of covered breathing,
love of the serpent!
I am underneath its leaves as the hunter crackles and pants
and bursts, as the barrage balloon drifts behind a cloud
and animal death whips out its flashlight,
whistling
and slipping the glove off the trigger hand. The serpent’s eyes
redden at sight of those thorny fingernails, he is so smooth!
My transparent selves
flail about like vipers in a pail, writhing and hissing
without panic, with a certain justice of response
and presently the aquiline serpent comes to resemble the Medusa.– Poem by Frank O’Hara
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Found it here.
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Untitled, unfinished, and dirty as I am.
What wouldn’t I give to have wings?
What wouldn’t I give to be free?
I’m tired and I can’t sleep
I’m hungry and I can’t eat
Let me love you, let me love you babe
(Oh fuck, oh wonder – there is no one to love)
Dizzy I opened a thousand doors
They’re all empty, they all lead nowhere
(We lost it to trying)
And I ended up even more lost and dizzy and dazzledI thought I had found the limit of skeptical and unbelief some time ago
But there is always some more down and empty to go, apparently
My mouth my heart my body is on the ground
I feel the hot water numbing my tired bones, this half living corpse that aches in every inche of its skin
I come back to my troubled senses when, (yet) in the ground, the warmeness surrounds me to the point of sweetly invinting me to drown… if I just let go.I loved the sea, the sky, the sun, the adventure, the wind through the windown of the car fast going, the romance…
I wished for dreams (I wished you were mine), I wished for sails
I was left with anchors and the salt water of tears, so wet I am clean. -
Não tem título, não tá pronto e foda-se.
Fujo do teu olhar tanto quanto o procuro
Passei a desejar o desespero de ter seus olhos sobre mim
Não tem ponte que concilie essa desgraça.
Eu devia morrer de medo, eu devia morrer de raiva. Não consigo.
Você me obriga a dançar: cada passo que dou em direção à fuga, avanço dois em direção aos teus braços, aos teus olhos (que me laçam).–
photo.