CCBB/SP – CICLO: Criar com o que temos
Setembro 2014
“Há mais de cem anos, o artista francês Marcel Duchamp revolucionava o conceito de arte ao deslocar objetos do cotidiano para o contexto de uma exposição, os chamados ready-mades. Ciclo proporciona um novo olhar sobre objetos comuns e a maneira como são utilizados por 14 artistas contemporâneos.”
Esta é a sinopse apresentada no guia de Setembro (2014) do Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo sobre a exposição Ciclo. O curador da mostra foi Marcello Dantas, e os artistas participantes: Pedro Reyes, Petah Coyne, Daniel Senise, Tara Donovan, Ryan Gander, Daniel Canogar, Song Dong, Lorenzo Durantini, Daniel Rozin, Julia Castagno, Tayeba Begum Lipi, Michal Sailstorfer, Joana Vasconcelos, Douglas Coupland.
A exposição foi espalhada por todo o prédio – subsolo, térreo, 1º, 2º, 3º e 4º andar – incluindo a fachada exterior que contava com duas obras.
Sempre que o conceito de ready-made é trazido à tona, junto com ele vem polêmica e questionamento. Há sempre aquele ar de “Eu poderia ter feito isso” ou “Por que diabos é arte aqui e não é arte se está na minha casa?”. Essa exposição, entretanto, é dessas que impressionam até mesmo àqueles que usualmente fariam careta, porque cada artista e cada obra apresentada traz tanto – de estética, de experiência, de interatividade, de conceito, de questionamento – que é impossível sair sem sorrir e ver no que “estava pronto” algo completamente novo!
Abaixo, algumas fotografias da exposição e minha seleção das “Top 3” 🙂
Da mostra, minha obra favorita foi “A Noiva”, de Joana Vasconcelos. Eu já a conhecia por foto, mas ver uma obra ao vivo é sempre diferente… O lustre formado por inúmeros absorventes internos femininos é quase que um manifesto feminista. E é lindo – e isso é estranhícimo de se admitir, principalmente quando lembro do que é feito e o que normalmente o material representa.
Outra favoritada foi “Desarme”, do mexicano “Pedro Reyes”. Usando armas apreendidas do nacotráfico mexicano, Reyes criou diversos “instrumentos musicais”. O material da mostra pontuava “Para ele (Reyes), transformar as armas em objetos positivos é uma forma de exorcizá-los dos males que causaram”. Poético, lúdico, inteligente, engenhoso.
Além destas, a americana Tara Donovan foi impecável. Utilizando milhares de copos plásticos – daqueles brancos, comuns, presentes ao lado do galão de água de qualquer lugar – ela criou uma espécie de paisagem de relevos, de ilusão. A fragilidade do material parece dúbia, questionável, possível de aguentar o peso do corpo. Durante alguns momentos a imersão é inevitável…
Deixe um comentário