Saí e dei de cara com ele ali, parado, feito árvore, rindo daquele jeito maldito porque consegue prever e acertar minha reação. (Quando resolvi escrever, o corretor sugeriu a mudança de “rindo” para “lindo”. Ri nervoso porque a mudança poderia ser acertiva)
De tantas vezes que imaginei ele ali, me parecia razoável ter na ponta da língua cada palavra que eu iria dizer. E cada outra que eu iria escutar. Mas não, claro que não. Tanto que lembro bem pouco das palavras… É mais zumbido, som sem sentido numa imagem turva dos lados.
Lembro bem da garganta seca. Meu deus, como é possível ser tão difícil de respirar? Lembro da estranheza de parecer fazer uma eternidade e dia nenhum (ao mesmo tempo) desde que não o via. E lembro do mais improvável: caminhar incontáveis passos até parar no lugar onde começamos. (Lembro de estar preocupada sobre parecer cansada depois de trabalhar o dia todo e caminhar tanto tempo…) Lembro da música que sabe-se lá de onde veio mas veio… Lembro dos olhos em mim, me banhando de sorriso e amor. Lembro do cheiro e da textura da camisa no meu pescoço… E lembro do beijo que me tirou do chão. Lembro demais, meu deus! E morro de saudades.
Deixe um comentário