O jogo: devaneios noturnos

Essa semana eu li um texto ótimo do Devaneios de Gaveta. Na verdade, sou suspeita para falar dos textos da Ju(lliana Bauer) porque eu acho eles muito, muito bons mesmo. Sempre. Mas, enfim, esse último me deixou acordada durante horas na noite em que o li.

O texto trazia à tona, entre outras coisas, afirmações do livro “Por que os Homens Amam as Mulheres Poderosas?”. Eu não li o livro e o texto da Ju não é uma resenha sobre o mesmo, então, as reflexões da minha noite insone não são críticas diretas ao livro, ok? Talvez, se eu me arriscar a lê-lo, descubra que ele é menos radical do que me pareceu. Mas, por hora, falo das impressões que tive sobre a mensagem que ele passa.

O tal livro parece ensinar e incentivar “o joguinho da paquera”. Basicamente, o jogo consiste em: não ser sincero. Se você está interessado em alguém, para conseguir conquistar (e mesmo manter) essa pessoa, o que você deve fazer é fingir que não está tão interessado. Se o menino que você está paquerando te manda uma mensagem, não responda em seguida! Absolutamente não! Ele tem que esperar – porque a mensagem que estamos tentando passar é “não estou tão interessada”. O outro não pode nunca sentir-se seguro.

O joguinho, na verdade, é disseminado por diversos meios e pessoas. Seria injusto da minha parte dizer que a culpa é daquele livro sozinho. E, naturalmente, no mundo machista em que vivemos, o “joguinho” é bem mais enfático em suas regras com as mulheres… isso sob a prerrogativa de que nós, mulheres, devemos dar ao homem espaço para ser o macho-alfa. Só eu acho isso absurdamente irônico, incoerente e contraproducente?

Raramente sou adepta ao “jogo”. Talvez eu esteja errada, né? Talvez este seja o motivo de ainda não ter encontrado a “pessoa certa”. Talvez este seja o motivo de uma vida romântica tragicômica com direito a uma longa lista de histórias, no mínimo, peculiares. Talvez daqui a trinta anos eu escreva um outro texto dizendo que quem fingiu não estar interessado é que estava certo. Talvez… Mas, na dúvida, prefiro ficar firme com o que me parece certo hoje, mesmo que vá na direção oposta do que parece o certo para a maioria.

Acho isso de “joguinho” muito ruim por, principalmente, dois motivos. O primeiro é que eu quero poder ser honesta com aquilo que eu sinto e penso.

liberdade

Quando eu me apaixono – e, mesmo antes, quando me interesso por alguém – quero poder ser honesta com o outro e comigo mesma. Afinal de contas, se der certo, se a pessoa também se interessar e se apaixonar por mim, eu quero que seja, de fato, por mim e, não por uma versão editada ou falsa de mim. Me dá dez tipos de preguiça só de pensar no trabalho que dá para manter essa “mentira”. Imagina? Vocês lá, comemorando cinco anos juntos e, ainda tem que fazer charme e dar ao outro a sensação de estar num pedestal e que é melhor ele percorrer o mundo em busca da  rara rosa azul que só floresce uma vez ao ano para provar o sentimento e não te perder… E isso não quer dizer que eu não quero receber declarações de amor esforçadas e criativas! Eu quero (haha). Mas, eu quero que isso aconteça de uma forma natural e genuína: tem que partir do outro. E eu quero poder demonstrar também. E, voltando ao estágio inicial – o da paquera – que é onde “o joguinho” é dito mais necessário, eu quero poder mandar mensagem e telefonar se me der vontade, se me der saudade, se me parecer legal. Quero poder sugerir programas ou dar presentinhos e, quero mesmo que a pessoa não se sinta prepotentemente segura com isso. Porque todas essas demonstrações querem dizer que eu estou interessada, apaixonada ou o que quer que seja… naquele momento – e só! O que me leva ao segundo ponto.

O segundo motivo para eu achar essa coisa toda de “joguinho” ruim é que, apesar de ser uma romântica incorrigível e acreditar que pode existir um amor para a vida toda, eu não acredito que exista essa segurança no sentimento que “o jogo” insiste em mostrar que está em nossas mãos para dar ou tirar do outro. Não existe garantia para saber que o sentimento do outro (ou mesmo o nosso) vá durar para sempre ou até amanhã. Não existe garantia nenhuma para nenhuma das duas partes se a mensagem enviada recebe uma resposta logo em seguida. Se eu me interesso por um menino e estou ansiosa e quero falar com ele e mando mensagem… não é inocente ele pensar que existe segurança nisso? Não pode aparecer um outro cara me paquerando por quem eu me interesse no mesmo dia? Não existe segurança nenhuma para nenhum dos dois lados, nunca. E, isso dá a coisa toda de relacionar-se emoção, não é? É um risco. Se não fosse, não teria valor nenhum, não teria graça.

Eu quero poder ser honesta e, eu quero me arriscar com alguém. Colocar expectativas e o coração na mão de alguém que não pode, mesmo que tente, me garantir que nunca vai a lugar algum. E, eu quero me apaixonar por alguém que seja seguro o suficiente para saber que não existe constância eterna no meu sentimento só porque eu mando mensagem; quero me apaixonar por alguém que queira se arriscar comigo sabendo que eu não sou um risco seguro. Talvez eu não seja uma “mulher poderosa” mas, sei que sou real e acredito que isso ainda vai me trazer algo mágico na vida – mágico e real.

Achei a imagem linda mas, não sei quem é o autor :/ Se souberem, please, tell me! Por hora, fica a fonte: http://pinterest.com/pin/46513808623591512/


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Comentários

  1. Avatar de devaneiosdegaveta

    Lis, o livro defende bem essa ideia do joguinho mesmo. Acho que já conversamos sobre isso, mas tenho uma puta preguiça dessa coisa de fazer um carão ao invés de bater um diretão. vamos lançar a campanha: BATE UM DIRETÃO, GATO!

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