Meus textos são todos escritos à moda tradicional e pregada pelos (meus) mestres: mais transpiração do que inspiração. A transpiração do esforço e da briga com a página branca, com as palavras, com as ideias, com as formas.
Mas não os poemas. Estes tem vida própria e vem quando bem entendem. Me possuem, me fazem convulsionar. Transpiro de febre e sofreguidão, me contorço incontrolavelmente; sinto seus vários tentáculos envolvendo todo o meu corpo e a minha mente, me puxando para baixo, me sugando em sua areia movediça, me lembrando – aos gritos – que eles são a expreessão viva dos meus sentimentos, que são muito maiores e mais fortes do que eu, que pertenço a eles. Assim, como que num exorcismo, eles deixam meu corpo… gritando, esperneando, reclamando seu domínio, prometendo voltar. Meus poemas são escritos com sangue.
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