Uma ideia simples: ver-se bonita

Esses tempos atrás uma campanha da Dove pela “real beleza” e seu reconhecimento viralizou. It was all over facebook, twitter and blogs. Resumidamente, a campanha consistia em retratos de mulheres feitos a partir de descrições pessoais comparados a desenhos feitos a partir de observações de outros sobre as mulheres em questão. E a campanha trazia seu argumento maior no momento em que as mulheres desenhadas podiam confrontar sua opinião sobre si mesmas ao olhar para os dois retratos e ver-se mais bonitas nas descrições dos outros sobre elas.

Tem seu quê de cliché, tem seu quê de incoerente (tendo em vista a empresa e o mercado em questão), tem seu quê de “aponta mas não resolve”… mas, apesar disso tudo, tem seu quê de “faz pensar, questionar, avaliar” e, simplesmente por isso, para mim já valeu a pena. Eu mesma chorei quando vi o vídeo.  E vi mais de uma vez. E pensei sobre como eu me vejo…

Eu, como aquelas mulheres da campanha, sou muitíssimo mais cruel e rígida quando avalio a minha beleza do que a dos outros; das outras, principalmente. (Porque acho que toda a questão de auto-aceitação cercada por conceitos culturais de beleza é, em geral, mais difícil para as mulheres, né?).

Até aí, tudo bem, fácil de acompanhar. Tanto a campanha quanto as discussões a partir e ao redor dela propõem uma ideia simples: você é bonita como é – sinta-se assim, reconheça-se assim. E nem estamos falando de beleza interior, não. Bonita por fora com (e por causa) de qualquer característica peculiar que pode, muitas vezes, ser apontada como defeito. Mas, se fosse simples de colocar em prática uma ideia simples… bom, a vida seria mais simples. O problema é que essas ideias “simples” são tão grandes que parecem utópicas de serem vividas no dia-a-dia, colocadas em prática. E, quando começo a pensar nisso sempre lembro do meu pastor. Ele é americano, tem um humor cítrico que lembra demais o Chandler e, é uma pessoa muito prática. E diante dessas grandes ideias “simples” (em geral, extraídas da Bíblia), ele sempre desafia a encontrarmos a primeira coisa prática a se fazer, mesmo que pequena, em direção da prática da ideia em si, “simples” e grande.

Eu encontrei a primeira atitude prática em direção à “eu sou bonita – quero me sentir assim, me reconhecer assim”. Resolvi que seria modelo para um amigo ilustrador. Ele está desenvolvendo um projeto baseado em desenhos de mulheres posando ao vivo e, havia aberto o convite para quem quisesse participar. Detalhe: entre as características do projeto está o fato de que as modelos posam nuas ou semi-nuas. Nunca tinha posado de roupa – o que dirá sem! Toda semana quando visto o collant e me vejo naqueles espelhos enormes da escola de ballet, sinto-me gorda e errada. E, eu peso 50kg! Então, diante disso tudo, resolvi que seria essa mesma minha primeira atitude prática.

A experiência foi muito feliz. E acho que foi uma das experiências mais psicanalíticas que já vivi! Isso porquê, ao passo que ele me desenhava, eu falava e, quando me dei conta… falei coisas que eu nem mesmo sabia sobre mim. E falei para ele que essa atitude prática tem a ver com toda uma meta para este ano (e para vida): me tornar quem eu quero ser – quem acredito que eu sou na essência. E, mais legal do que a experiência – que por si só fez com que eu me sentisse corajosa e, por isso, orgulhosa de mim – foi a “recompensa”: ao ver a prévia do meu desenho – que surpresa! -, eu me vi linda.

sketch lis


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Comentários

  1. Avatar de .
    .

    Por mais que se fale em padrões impostos ou implícitos, irrefutável é a realidade de que o corpo que mais se aproxima do naturalmente funcional sempre será belo e tesudo para o sexo oposto (aprimoramento genético, que coisa doida). Cintura angular, compleição capaz de se salvar de uma enchente e pernas tornedas nunca sairão de moda, conforme o espelho te mostra diariamente =D

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