Cortei o pé. “Tem band-aid em casa?”. Não tinha. Desci a Teobaldo, passei pela feirinha mancando, a barra da calça manchada de sangue, entrei na farmácia do lado direito. Um rolinho de gaze e esparadrapo. Na fila observo três amigas. Uma não pára de rir. A outra, encabulada. A terceira quer saber.
– Fui no médico essa semana, né? Só que eu nunca tinha ido nesse antes. Cheguei lá e tomei um puta susto porque ele era muito lindo!
A terceira fez “Ué… E não é ótimo?! Tu paquerou ele, não foi?”.
– Como? Disse rindo, desanimada. Ele me perguntou qual era o problema e eu disse que estava tendo problemas para dormir, que a respiração ‘tava ruim… fazendo até um pouco de barulho. Ele perguntou sem rodeios “Mas ronca também?” e eu nem tive agilidade de mentir! Confirmei sem saber onde colocar a cara de porco gordo.
A segunda chorava de rir enquanto o atendente gritava pela terceira vez “Próximo!”.
Eu tinha escutado mas, a história me cativou tanto que eu não quis avisar. Subi a Teobaldo tão revigorada com lembrete da vida (que o tragicômico não assola só a mim) que parei na feirinha – pé sangrando e tudo – , comprei um relicário.
Foto via.
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